O antigo prédio da Estação, hoje sede da Fundação Cultural Calmon Barreto, o seu entorno são bens imóveis tombados pelo município desde 1990.
De acordo com os padrões de formação das cidades no Brasil, a primeira praça era sempre a da matriz, a segunda destinava-se à primeira escola pública e a terceira, geralmente, sediava a rede ferroviária.
Araxá seguiu esta tendência de ocupação urbana. Cresceu em direção ao sul, rumo ao local onde se encontram as fontes de águas minerais do Barreiro.
Partindo da antiga Praça da Matriz, hoje Cel. Adolpho estendeu-se à outra praça, a d’Abadia. Nesta foi construída, em 1911, a primeira escola pública, ou seja, o Grupo Escolar Delfim Moreira, no mesmo lugar onde está o Colégio São Domingos. A edificação da atual Igreja Matriz, ocorrida entre 1917 e 1948, fez parte do projeto de remodelação da praça.
A expansão da cidade favoreceu a criação de outras praças. A Praça da Conceição, atual Governador Valadares, ganhou um novo delineamento com jardim, gruta de N. Sra. de Lourdes e coreto, inaugurados em 1918.
Seguindo o crescimento urbano reservou-se um espaço para instalar a sede local da rede ferroviária. Para isso foi planejada uma praça com traçado geometrizado, diferente das anteriores.
Em agosto de 1926, a Câmara Municipal de Araxá denominou, então, a praça da estação que se construía de Praça Arthur Bernardes, em homenagem ao mineiro que exercia a presidência do Brasil no período entre 1922 e 1926.
Araxá reivindicava uma estrada de ferro desde a última década do século XIX. O significado do novo meio de transporte como acesso mais fácil à cidade e a imponência do prédio da Estação anunciaram a chegada de uma nova era.
O belo prédio em estilo neoclássico foi inaugurado em novembro de 1926 quando a Estrada de Ferro Oeste de Minas alcançou Araxá, pela primeira vez, trazendo duas locomotivas e a equipe da “Oeste”. O momento foi saudado pela população em meio aos discursos das autoridades e à apresentação da Banda Santa Cecília.
Na placa afixada no saguão do prédio lêem-se os nomes dos responsáveis pela obra:
Administração: 1922-1926
- Eng.º José de Almeida Campos Júnior
(Diretor)
- Dr. Ovídio João Paulo de Andrade
(Chefe do Trafego)
- Engº. João Batista de Almeida
(Chefe da Locomoção)
- Engº. Fernando Dias Paes Leme
(Chefe da Linha)
- Engº. Pedro de Alcantara Magalhães
(Chefe da Construção)
Engº. Virgilio J. Monteiro Bastos
Antes mesmo da estréia da ferrovia, a Câmara Municipal havia deliberado, em agosto de 1926, que a Rua Goyaz passaria a se chamar Rua Almeida Campos em reconhecimento ao trabalho do então diretor da Oeste de Minas.
A partir desta data, as propagandas que divulgavam alguns dos hotéis de Araxá indicavam como vantagem, nesse caso, o fato desses estabelecimentos localizarem-se próximos à Estação. Esta, por muito tempo, foi a referência do ponto mais alto da cidade, pois todo o espaço posterior a ela era um imenso campo.
Em 1930, na administração do Dr. Hugo de Rezende Levy, a Câmara aprovou um projeto que determinava a construção da praça, uma vez que todo o espaço frontal ao prédio ainda não havia sido delineado. Embora a praça já fosse denominada oficialmente de Arthur Bernardes mantinha-se presente no imaginário dos habitantes como Praça da Estação.
Esta Praça figura como um autêntico exemplar do nosso patrimônio histórico e cultural. No passado abrigou o prédio da Estação e a residência do responsável pela Estrada de Ferro proporcionando a circulação diária de passageiros, de mercadorias e de idéias. Hoje, o primeiro sedia a Fundação Cultural Calmon Barreto com os setores de Arquivos, Pesquisas e Publicações; de Artesanato; de Projetos Especiais; de Eventos e de Patrimônio Cultural, a segunda, a Escola de Música da mesma Fundação. Esta instituição pratica o compromisso de integrar o passado ao presente, preservando tradições, incentivando talentos e permitindo à população o direito de conhecer a sua própria história.
A Praça Arthur Bernardes acolhe elementos da nossa cultura e nela estão:
Em 12 de fevereiro de 2020, foram iniciadas as obras de revitalização da Praça Arthur Bernardes.
A praça foi reinaugurada em 24 de setembro de 2020 com várias melhorias: construção do coreto; assentamento de granito levigado nas escadas de acesso; substituição de todo o piso interno da praça e calçada por pedra portuguesa; recuperação dos balaustres; pintura geral da mureta e balaustres; nova iluminação; instalação de gradil; colocação de novos bancos; revitalização do paisagismo; construção do novo Altar da Pátria e da nova base da escultura “O Ferroviário”, restaurada pelos alunos do “Projeto Restaurando Sonhos”.
Setor de Arquivos, Pesquisas e Publicações