Em 04 de setembro de 1965 o casarão localizado na praça Cel. Adolpho, nº 98, foi transformado em Museu e inaugurado como “Museu Regional Dona Beja” pelo jornalista Assis Chateaubriand. O primeiro do país de uma série de Museus regionais criados por ele tornou-se um “presente para a cidade”, pois era o ano do centenário da emancipação política de Araxá. A revista “O Cruzeiro” e o jornal “O Estado de Minas” cobriram o evento.
A razão social do Museu era Associação Artística e Cultural do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, daí a justificativa do termo “Regional” de sua denominação inicial.
O Museu teve como primeira presidenta, a carioca e amiga pessoal de Chateaubriand, D. Yolanda Penteado, e a araxaense D. Silvéria Aguiar, como presidenta de honra.
A aquisição do imóvel só foi possível graças ao grande empenho do jornalista. A verba foi liberada pelo Banco do Brasil, através do diretor Sebastião Paes de Almeida, natural da cidade mineira de Estrela do Sul, onde Anna Jacintha de São José (Dona Beja) passou seus últimos anos de vida. O diretor atendeu prontamente ao pedido de Chateaubriand. A escolha do nome foi inspirada no Mito “Dona Beja”, pois ambos concordavam que o Mito já alcançava expressão em Araxá e região.
A empresa HIDROMINAS financiou a restauração do casarão, supervisionada pelo engenheiro Pedro Carlos Copati. Constam no seu acervo inicial telas de renomados artistas nacionais, móveis, objetos, imagens e documentos que retratam diferentes momentos da história de Araxá.
Após a morte de Chateaubriand, a Empresa Jornalística e a Prefeitura Municipal de Araxá firmaram um convênio, em 1973, mediante o qual, a então proprietária do imóvel o cedia, pelo prazo de cinco anos, à Prefeitura. No convênio ficou estabelecido que a Prefeitura deveria instalar no Museu a Divisão de Turismo, mantê-lo aberto ao público e se responsabilizar pela manutenção e preservação do prédio e do acervo.
Anos mais tarde, o Museu serviu como sede provisória da recém-criada Fundação Cultural Calmon Barreto nos seus primeiros meses de existência. Inúmeros eventos culturais e artísticos foram realizados em seu interior bem como a instalação, em dezembro de 1984, do Centro de Artesanato de Araxá, espaço destinado aos artistas e artesãos locais.
Em 23 de maio de 1986, através da Lei Municipal Nº 2.041, o nome do Museu é alterado para “Museu Municipal Dona Beja”.
As equipes de técnicos da Secretaria Estadual de Cultura, através do IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico –, e da Superintendência de Museus foram responsáveis pela restauração do imóvel e do primeiro projeto museológico e museográfico realizados entre 1985 e 1987. Diante da inexistência de acervo pertencente à Dona Beja, optaram por fazer dele um Museu da história de Araxá, em cujo contexto se incluiu a figura de Dona Beja.
Após a conclusão das obras o Museu foi reinaugurado em 20 de fevereiro de 1987 com recursos fornecidos pela comunidade, Prefeitura e empresa ARAFÉRTIL. O grande evento marcou ainda o lançamento do livro sobre a história de Araxá - “Vamos Conhecer Araxá”, da educadora Leonilda Montandon.
Foi aberta uma exposição para o público, pela primeira vez em Araxá, com quadros do artista plástico araxaense Calmon Barreto em julho de 1987. A mostra recebeu o título “Dona Beja recebe Calmon”. Esse evento, como inúmeros outros culturais, artísticos, musicais e políticos, ocorreu no salão térreo do Museu.
Através do Decreto Municipal Nº 1.012 de 18 de outubro de 1990 o Estatuto da Fundação Cultural Calmon Barreto foi totalmente alterado e, desde então, o Museu passa a ser administrado pela FCCB; pois anteriormente era gerido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
Em novembro do mesmo ano, por iniciativa da Fundação Cultural Calmon Barreto, foi lançada a “Campanha Pró-aquisição de Acervo para o Museu Dona Beja” durante o 2º Encontro Cultural de Araxá. O objetivo era sensibilizar toda a comunidade araxaense a manifestar seu apoio, doando obras de arte, móveis, objetos, fotografias ou documentos que pudessem valorizar o acervo já existente do Museu.
A função sócio-cultural do Museu passa a ser enaltecida ao servir como local de debates, reuniões, salões de artes, exposições, lançamentos de livros, mostras artísticas, feiras, recitais, recepções políticas, shows musicais etc.
O prédio e o acervo do Museu foram tombados pela Lei Municipal N.° 2.410 em 28 de dezembro de 1990 com o intuito de preservar a memória histórica do município e também por ser um dos pontos turísticos de grande visitação da cidade.
Através da Lei Municipal Nº 3.356, de 27 de fevereiro de 1998, o Museu passa a ser denominado “Museu Histórico de Araxá – Dona Beja”. Em 06 de março do mesmo ano, o imóvel foi reestruturado, após convênio entre a Prefeitura Municipal de Araxá e o Ministério da Cultura. Foram executados reparos no telhado, na instalação elétrica e remodelação do pátio interno.
As obras de restauração das telas do acervo do Museu foram concluídas, mediante o projeto “SOS Pinacoteca”, em julho de 1999. O projeto foi encaminhado ao Ministério da Cultura através da FCCB. A empresa executora foi “Oficina de Arte Aplicada”, com recursos da empresa CBMM.
Em 09 de junho de 2001 foi inaugurada uma nova Ala no salão térreo do Museu - “Lugar de Memória” - com lançamento do livro de mesmo nome. Cidadãos que fizeram parte da história de Araxá foram lembrados mediante biografias editadas no livro, fotografias e objetos expostos no novo espaço.
A abertura da segunda etapa do projeto “Lugar de Memória”, em 05 de julho de 2002, ampliou o número de pessoas homenageadas. O segundo piso do casarão ganhou uma nova ambientação – o “Quarto de Beja”. O projeto desse novo espaço foi assinado pelo arquiteto Demilton Dib e proporcionou aos turistas uma leitura atrativa do século XIX. A restauração na parte elétrica e estrutural foi executada pela empresa ENCIL e patrocinada pelo SEBRAE, Prefeitura Municipal e MinC.
Em 2004, o Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER) doou ao Museu um Busto de Assis Chateaubriand. A referida obra encontra-se exposta no pátio interno, ao lado da “Beja Cafeteria”. Este novo espaço foi inaugurado em 18 de maio de 2005, em comemoração ao “Dia Nacional dos Museus”.
A inauguração da Exposição Permanente – Área Arqueológica, no segundo piso do Museu se deu em 18 de setembro de 2007. Um projeto em parceria com a empresa BUNGE Fertilizantes.
Desde maio de 2009, o Museu Histórico de Araxá – Dona Beja endossa a proposta do Instituto Brasileiro de Museus, ao realizar a Semana Nacional dos Museus. Juntamente com os demais Museus da cidade, durante uma semana, acontece uma intensa programação cultural, oferecendo para a comunidade, apresentações musicais, exposições, palestras, debates, oficinas etc. À época, Araxá aderiu à ação inédita da Secretaria Estadual de Cultura, por meio do IEPHA, que propunha o projeto “Jornada Mineira do Patrimônio Cultural”. Em 24 de setembro de 2009 o Museu ganhou a placa de identificação como “Patrimônio Tombado pelo Município”.
Em 2010, o imóvel recebeu pequenas intervenções: manutenção do telhado, das janelas e portais, da rede elétrica e da pintura.
Em 2012, o Ministério Público alertou sobre a precariedade do estado de conservação da edificação e dos eventuais danos e riscos ao patrimônio histórico e cultural.
Em janeiro de 2013, por iniciativa da Fundação Cultural Calmon Barreto, foi solicitado à empresa “Século 30 Arquitetura e Restauro”, um orçamento para elaboração de projeto geral de restauração do Museu. No entanto, a elaboração não prosseguiu.
Em fevereiro de 2014, problemas na instalação elétrica no interior do Museu causaram danos a uma cama do século XIX. Estragos maiores foram evitados. Em meio às mudanças no cenário político municipal, o Museu fechou suas portas. Em abril do mesmo ano, a Fundação Cultural Calmon Barreto providenciou um projeto de conservação e manutenção de problemas pontuais em sua estrutura, exigidos pelo Ministério Público. Este projeto foi aprovado pelo COMPAC – Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Araxá. Para a realização destas intervenções o Museu foi fechado.
Após o falecimento do jornalista Assis Chateaubriand em 1968, a Prefeitura de Araxá e o Jornal Estado de Minas (detentor dos Diários Associados) assinaram um acordo de comodato passando para a prefeitura local a responsabilidade administrativa do Museu. Em fevereiro de 2017 o imóvel foi, finalmente, adquirido pelo município, após acordo entre o Jornal Estado de Minas S/A e a Prefeitura Municipal de Araxá.
Em setembro do mesmo ano, graças ao apoio da CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - a Fundação Cultural Calmon Barreto adquiriu mobiliário no estilo imperial pertencente à araxaense D. Silvéria Aguiar. A partir desta data o móvel passou a integrar o acervo do Museu que teve D. Silvéria como sua primeira presidenta de honra.
Em maio de 2018, a empresa Século 30 Arquitetura e Restauro entregou, à Prefeitura Municipal de Araxá através da Fundação Cultural Calmon Barreto, o “Projeto de Restauração e Readequação do Museu Histórico de Araxá – Dona Beja” e em novembro de 2018, foi encaminhado ao Ministério do Turismo/Secretaria Especial de Cultura. Em julho de 2019 foi aprovado. Os recursos foram captados por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e a empresa CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, a patrocinadora.
A empresa vencedora da licitação, “Minas Construções e Restaurações”, de Belo Horizonte, iniciou as obras de restauração em 25 de novembro de 2019. Foram realizados os seguintes serviços: revisão geral da cobertura; construção de um deck de madeira na fachada principal; recomposição dos pisos de tabuados; pintura interna e externa; restauração de portas e janelas; instalação de elevador e rampas antiderrapantes; revisão dos sistemas: elétrico, hidrossanitário, alarme e detecção de incêndio.
O Museu Histórico de Araxá – Dona Beja foi entregue à comunidade no dia 27 de agosto de 2020, depois de seis anos fechado.